Na década de 1940, a cidade de
Indaiatuba, no interior de São Paulo, abrigava diversas indústrias de
componentes para guarda-chuva, inclusive a empresa da família Ifanger, que
investia na fabricação de cabos de madeira. Mas aí veio a popularização do
plástico, as vendas caíram e a empresa mudou.
O caminho
escolhido foi a produção de bengalas e muletas, que continua até hoje rendendo
lucros para a empresa. O volume de vendas não registra grandes picos de
crescimento, mas é sólido. Só no ano passado, a companhia faturou R$ 3,4 milhões
e sustenta uma produção mensal de 2,5 mil pares de muletas e de 8 mil bengalas.
O negócio se beneficia do aumento constante da expectativa de vida do
brasileiro, mas também de um fato nada animador. “Infelizmente, o aumento dos
acidentes de motos influencia as vendas de muletas”, afirma Paulo Henrique
Ifanger.
Ele comanda a
empresa ao lado do irmão, Mauricio, mas a história do negócio começou com o avô
deles. Henrique Ifanger mudou-se de Capivari para Indaiatuba e entrou como
sócio de um negócio que então se chamava Cida Artefatos de Couro, especializado
em fazer cabos de guarda-chuva.
A virada do
negócio ocorreu quando Orlando, pai de Paulo e Mauricio, assumiu o comando e
mudou o nome da empresa para Indaiá. “Ele não tinha conhecimento do mercado e foi
aprendo na prática, no boca a boca, e fomos conquistando espaço”, relembra
Paulo Ifanger.
O negócio
começou a ganhar espaço, mas permaneceu na família. “Passamos a infância na
fábrica, brincávamos direto na empresa. Acabamos nos envolvendo. As coisas foram
acontecendo, o tempo passa, e quando você vai ver, já está lá, comandando o
negócio”, diz Paulo.
Para o
empreendedor, o divisor de águas da família foi o derrame que o pai sofreu em
1998. “Assumimos definitivamente. Até então eu, meu irmão e meu pai comandávamos
a empresa. Mesmo depois do problema, trazíamos ele todos os dias”, conta Paulo.
Ele destaca o otimismo e a coragem do pai como inspiração para continuar a
administrar a produção.
Atualmente,
as casas de material ortopédico são os pontos tradicionais de venda dos
produtos fabricados pela Indaiá. Mas as farmácias e drogarias começam a ganhar
destaque e ajudam a aumentar o faturamento. “Farmácia tem em tudo quanto é
cidade”, analisa Paulo.
A estratégia
é fabricar artigos simples. “Não fazemos nada muito elaborado para não
encarecer o produto. A ideia é oferecer algo barato e popular”, afirma. O preço
varia muito de acordo com a localização da loja, mas o valor médio da bengala
de madeira é R$ 25.
Mas engana-se
quem acredita que a história dessa pequena indústria foi sempre tranquila. A
convivência familiar nos negócios não foi e não é simples, segundo Paulo. Mas
os irmãos aprenderam a respeitar um ao outro e agora vivenciam a chegada de uma
nova geração na empresa. Tiago, filho de Paulo, e Vinicius, filho de Mauricio,
trabalham na Indaiá. “A ideia é que a empresa continue na família, se for a
vontade deles. É uma nova geração e um novo aprendizado de relacionamento”,
conclui Paulo.
Fonte:
pme.estadao.com.br
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